É esperado que eu dê aqui minha visão política. Por vários motivos… Uma plataforma de arte, que promove, além de suas obras, conteúdo escrito sobre arte. Tenho tudo preparado, mas não publiquei.

No meio tempo, fiquei fascinado pelo filme novo do Coringa. A ponto de ir assistí-lo, sozinho, na sexta-feira. E, por que não falar sobre um filme novo, se esta é uma plataforma de arte? Todos querem falar sobre o Coringa. No agregador de críticas que eu acompanho,  a nota média entre os críticos profissionais é de 56 no momento, e entre os espectadores, é de 92.

Não tenho assistido muitos filmes. Na sequência do Coringa embalei Mistério no Mediterrâneo e percebi porque não tenho visto muitos nos últimos anos. Mas voltemos ao Coringa.

Se o sr. ou sra. não assistiu ao filme, é melhor parar a leitura por aqui. Me reservarei o direito de revelar “spoilers”, ou partes dos filmes só para aqueles que o assistiram.

Coringa, em minha opinião, é um filme muito bom. Em vários aspectos. Eu, sozinho no cinema, fiquei grudado e emocionado desde o começo. Raras foram as vezes que qualquer tipo de arte me despertou tanta emoção. Talvez pelo histórico do personagem, que conta inclusive com o Heath Ledger, que se suicidou. Talvez pela brilhância do filme, agora podada pelos veículos de mídia e críticos profissionais.

Pesquisei muito todo o material antes de ir assistir. Sabia, inclusive, que podia haver um atentado enquanto assistia. E foi um pouco tenso sim… Mas não, a humanidade é mais inteligente do que isso. É, inclusive, o mote do filme. Não obedecerei mais as elites, mídia, ou agenda da classe dominante. Um atentado em uma estréia do Coringa, quiçá, seja o que aqueles no poder esperam de nós, formigas, ou meros mortais.

Além da emoção, o que há de tão grandioso no filme? Bom, a cena do metrô é algo que nos faz pensar sobre fotografia no cinema. Aqui, digo, antes de assistir aos outros candidatos ao Oscar, que se Coringa não ganhar o Oscar de fotografia, há algo errado em Hollywood.

O cinema é feito de clichês, para nos fazer nos identificar com os personagens. Coringa faz tal tarefa tão magistralmente que a maioria de nós só nos lembra disso dias depois de assistir.

Fotografia de Splash News

Bom, mas o filme não é perfeito. O que tem de ruim? As referências… O filme é pesadamente influenciado por O Rei da Comédia, estrelado por Robert De Niro. E Taxi Driver, ambos de Martin Scorcese. Ok amigo, foi influenciado, tudo bem, mas não precisava copiar as cenas nem fazer referências tão óbvias, como o ensaio do “standup act” de Arthur Fleck, ou Coringa.

English: Poster for Taxi Driver, an American film starring Robert De Niro.

Além disso, a crítica mais veemente de minha parte é que sim, o filme glorifica o crime. O personagem atinge a aceitação do povo através de seus crimes. Como uma feminista, se empodera conforme escala suas infrações no Código Penal. E, o filme mostra e nos acostuma com a naturalidade de um homicídio. O Coringa simplesmente mata algumas pessoas, e fica por isso mesmo. Nada que não tenha acontecido antes em Hollywood, “Assassinos por Natureza” vem a mente. Mas em Coringa, nos sentimos no papel do assassino. E não é legal, não é normal. Saí do cinema com os sons dos tiros reverberando em minha cabeça.

Novamente, é um filme muito bom. Do bobo do começo, pouco resta, e no final realmente gostaríamos que o Coringa não existisse. A transição entre o bom moço injustiçado e o vilão não é sutil, mas é emocionante. Lamentável a banalização da violência. Todd Philips foi tão criativo ao fazer um filme do anti-herói com tão pouco, mas podia ter sido ainda mais inovador tivesse deixado o viilão um pouco mais inocente até o final.

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